quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Texto 1 Estranhos no ninho
Pais de adolescentes costumam oscilar entre a necessidade de preparar os filhos para a vida adulta e o instinto de querer protegê-los
                                               A semana que termina com as circunstâncias das mortes de duas adolescentes ainda sendo discutidas, na esperança de que a tragédia dessas duas famílias ofereça algum tipo de aprendizado para o futuro, tornou visíveis dois dos pesadelos mais frequentes de quem tem filhos. Por conta disso, o título de um filme que eu nem sequer assisti não me saiu da cabeça nos últimos dias: esta foi a semana "a soma de todos os medos".
                                               Cada uma dessas duas mortes, porém, aponta para um tipo diferente de fantasma. O acidente de trânsito é o medo da rua, dos riscos imprevisíveis, da imprudência alheia, da fatalidade, de tudo aquilo que não está ao nosso alcance evitar. O suicídio da menina que teve suas fotos compartilhadas na internet é o perigo dentro de casa, os fatos que acontecem perto dos pais sem que eles percebam, as conversas que poderiam ter acontecido e não aconteceram, as dores silenciosas, os riscos não dimensionados corretamente.
                                               Pais de adolescentes costumam oscilar entre a necessidade de preparar os filhos para a vida adulta, de empurrá-los para o mundo sublimando os próprios receios, e o instinto quase incontrolável de querer protegê-los como se ainda fossem crianças. Há os que pendem para um lado ou para o outro – e isso provavelmente sempre foi assim. O que é diferente nos dias de hoje é que nossos filhos passam boa parte de suas vidas em um ambiente em que nossa experiência de adultos nem sempre é útil para prepará-los para os problemas que podem vir a enfrentar. São os adolescentes que sabem (e às vezes ajudam a criar) as regras no mundo digital. Somos como cidadãos estrangeiros nesse país onde eles nasceram e fincaram suas raízes. Dar conselhos para um adolescente sobre como se comportar na rede é como aceitar que um sueco alerte um brasileiro sobre os perigos da feijoada ou do sol dos trópicos. Ele vai olhar para você, com mal disfarçada condescendência, e vai responder, sem nem precisar abrir a boca para falar: não se preocupe comigo, eu sou daqui, sei como tudo funciona.
                                               Sim, eles sabem – quase sempre. Mesmo que a gente não goste ou não entenda, eles tiram fotos de si mesmos nas poses mais bizarras ("selfie", o nome desses autorretratos feitos com celular, acaba de ser escolhida pelo Dicionário Oxford a "palavra do ano" de 2013), interagem com várias pessoas ao mesmo tempo, são exageradamente dependentes do curtir/não curtir dos outros e podem passar horas sentados na mesma posição, jogando, conversando ou namorando, absolutamente alheios ao lindo sol que faz lá fora – e nem sempre isso será sinal de que algo está errado.
                                               Sim, vamos tentar impor regras, alertar para as possíveis armadilhas, lembrar que existe um lindo mundo lá fora para explorar, mas no fundo sabemos que muitas dessas opiniões serão solenemente ignoradas – porque todos nós que aqui chegamos, mais ou menos sãos e salvos, também ignoramos em algum momento boa parte dos conselhos que recebemos dos adultos.
                                               O mundo virtual em que nossos filhos vivem quase o tempo todo não nos é completamente familiar e nunca terá para nós o significado que tem para eles – e não há o que se possa fazer a respeito. Mas os sentimentos que entram em jogo toda vez que se estabelecem relações humanas, esses nunca mudam. Respeito, empatia, tolerância, autoestima, confiança, desconfiança: é sobre isso que podemos conversar com eles. Torcendo para que algo permaneça, mesmo quando eles parecem não estar ouvindo, e possa vir a fazer sentido tanto no mundo virtual quanto fora dele.
Cláudia Laitano:  ZH – caderno Dona – Coluna -23/11/2013 |
1.      Assinale a alternativa cuja ideia não é compatível com o texto:
(A) O mundo virtual dos filhos é  completamente familiar aos pais.
(B)  Os pais dão conselhos mesmo sabendo que muitos deles serão ignorados
(C)  Os pais tentam impor regras
(D) Os jovens podem passar horas sentados na mesma posição alheios ao mundo.

2.      Assinale a alternativa que indica o fato que desencadeou a crônica
(A) O mundo virtual dos filhos
(B)  A morte de duas jovens adolescentes
(C)  A necessidade dos pais imporem regras para os filhos
(D) Os conselhos dos pais sempre serão completamente acolhidos

3.        Assinale a alternativa em que o prefixo in/im não possui o mesmo sentido que nas demais


(A)  Incontrolável
(B)   Imprevisíveis
(C)   Imprudência
(D)  internet



4.      O   prefixo im palavra: “imprudente” possui sentido de:


(A) Direção    
(B)   Intensidade
(C)   Negação
(D)  Movimento para dentro



5.      Assinale o tipo de relação que se estabelece entre as palavras prudente e imprudente


(A) Antônimas
(B)  Intertextual
(C)  Sinônimas
(D) Paráfrase



Texto 2   Três moços malvados

Eram três moços malvados. Gostavam de entrar no mato e caçar tudo quanto é bicho. Levavam espingarda de chumbo grosso, espingarda de cartucho e até revólver de dois canos. Ficavam o dia inteiro dando tiro. Matavam arara, papagaio, tucano. Bem-te-vi, sanhaço, tiziu, caga-sebo, pintassilgo, joão-de-barro, andorinha, rolinha, sofrê, sabiá, sem-fim e currupião. Matavam macuco, caburê, curiango, coruja, mutum-de-penacho, pica-pau, saíra, garça, quero-quero, socó, jaburu, irerê e pato-do-mato. E também bicho grande que nem tamanduá, tatu, gambá, bicho preguiça, veado, curió, capivara, cotia, paca, preá, anta, macaco, quati, tartaruga e cachorro-do-mato.
Os três bandidos caçavam por caçar. Matavam por divertimento. Gostavam de ver quem tinha melhor pontaria, quem acertava num tiro só, quem destruía mais.
Um dia, durante a caçada, escutaram uma voz grossa gritando no fundo do mato:
 — Olha o laço!
Os três estranharam. E a voz grossa:
 — Olha o laço!
Os moços acharam graça. Um deles disse: 
— Vamos procurar o tal do laço pra gente olhar?
Os três acharam ótima ideia. E assim os malvados foram-se embrenhandona mata.
Andaram que andaram que andaram cada vez mais fundo, cada vez mais longe de tudo. A floresta foi ficando escura e cheia de sombras.
Os moços acabaram indo parar numa clareira. Debaixo de um imenso pé de jatobá encontraram três sacos cheios de dinheiro. Festejaram dando tiros para o alto.
 — A gente agora tá podre de rico!
E logo fizeram uma combinação. Enquanto um deles ia até acidade comprar vinho para comemorar, os outros dois ficariam na clareira tomando conta do tesouro. Um dos moços partiu e os outros dois ficaram. Um dos que ficaram, olhando aquele dinheirão, começou a fazer contas e pensou:
 — Vou acabar com meu colega. Quando o outro voltar dou cabo dele também. Assim o dinheiro fica todinho pra mim.
O malvado não pensou duas vezes. Sacou a arma, atirou no companheiro, matou-o e enterrou o corpo ali mesmo. Depois, acendeu um cigarro e ficou esperando sentado debaixo do jatobá.
Acontece que o moço que foi à cidade comprar vinho teve uma ideia parecida:
- Levo o vinho cheio de veneno. Assim os dois bebem, morrem e eu fico com o dinheiro todo.
E fez isso mesmo. Comprou um garrafão de vinho tinto, encheu de veneno de rato e voltou para dentro do mato.
Quando chegou à clareira, levou um tiro e morreu na hora.
O último moço, o bandido que sobrou, sentou numa pedra para descansar. Olhando os três sacos de dinheiro, esfregou mãos de felicidade.
- Agora sim! – disse ele- Fiquei rico. Não vou trabalhar nunca mais. Vou passar o resto da vida comprando coisas, casas, roupas, carros, joias, fazendas…
Dizendo isso, arrancou a rolha do garrafão de vinho e bebeu quase tudo de um gole só.
Foi engolir o vinho e cair duro no chão.
Assim, o laço do diabo terminou de apertar seu nó.
(Ricardo de Azevedo, Armazém do Folclore, Editora Ática- 1ª edição.)

6.  Assinale a alternativa  que indica o tipo de narrador do fragmento anterior


(A) Foco em 1ª /Protagonista
(B)  Foco em 1ª /Testemunha
(C)  Foco em 3ª /Observador
(D) Foco em 3ª /Onisciente



7. Ao final:


(A) Todos viveram felizes
(B) Todos morreram
(C) Os três irmãos caçaram muito
(D) Só o que buscou vinho sobreviveu.



8. Assinale a alternativa que indica a temática do conto:


(A) A destruição da natureza
(B) A ganância
(C) O dinheiro e a felicidade
(D) A verdade



9.  A mensagem que o texto deixa é:


(A) Tudo se justifica por dinheiro
(B) Devemos cuidar da natureza
(C) Que nem tudo pode ser feito por dinheiro
(D) que os irmãos são bênçãos divinas.



10. A moral do conto é:


(A) Só o trabalho dignifica
(B) Só a união faz a força
(C) mais vale um pássaro na mão do que dois voando
(D) quem tudo quer tudo perde.



11. “O malvado não pensou duas vezes. Sacou a arma, atirou no companheiro, matou-o e enterrou o corpo ali mesmo. Depois, acendeu um cigarro e ficou esperando sentado debaixo do jatobá.”  Assinale a alternativa que indica a correta função da expressão em destaque na frase anterior:


(A) pronome pessoal do caso oblíquo.
(B) artigo definido
(C) pronome demonstrativo
(D) pronome interrogativo



12. “O malvado não pensou duas vezes. Sacou a arma, atirou no companheiro, matou-o e enterrou o corpo ali mesmo. Depois, acendeu um cigarro e ficou esperando sentado debaixo do jatobá.”  Assinale a alternativa que indica o correto referente da expressão em destaque na frase anterior:


(A) pintassilgo
(B) a arma
(C) o companheiro
(D) o curupira.