sexta-feira, 10 de maio de 2013

Intertextualidade Camões, Vinícius I Cor 13 e Monte Castelo



 

Texto 1 – Soneto XI  - Luís de Camões

 

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

 

Texto 2  Soneto do amor maior - Vinícius de Moraes

 

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

 

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

 

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo.

 

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

 

  1. Considerando o soneto XI de Luís Vaz de Camões assinale a alternativa cuja afirmação é incorreta

a)      O sujeito dos versos 2 ao 11 é o amor

b)      A temática do texto 1 é o amor

c)      O soneto não é poesia

d)      O soneto sempre possui 14 versos

 

  1. Considerando a relação de semelhança entre os textos 1 e 2 podemos afirmar que entre eles há inúmeras semelhanças, exceto a afirmação da alternativa:

a)      Ambos são sonetos

b)      A temática dos poemas é o amor

c)      Os textos possuem autores diferentes

d)      A rima se dá sempre nos mesmos versos em ambos os poemas.

 

  1. A antítese ou oposição está presente nos seguintes versos, exceto:

a)      é um contentamento descontente.

b)       é dor que desatina sem doer.

c)      é um cuidar que ganha em se perder

d)       Mas como causar pode seu favor

 

  1. Considerando o Soneto do amor maior de Vinícius assinale a alternativa cuja ideia é incorreta:

a)      Nos dois  1ºs  versos o poeta diz não existir  um  amor maior e mais estranho do que o dele, pois não acalma a amada.

b)      Nos 3 e 4 versos da primeira estrofe o eu poetico diz de suas contradições sentimentais de alegria e tristeza em relação a coisa amada.

c)      O poema não possui estrutura de soneto.

d)      Na 3ª estrofe o eu poético define seu amor como louco e que ao tocá-lo fere e com isso vibra, pois prefere a vida de encantamento à morte.

 

  1. Dado as oposições podemos dizer que Luís Vaz de Camões caracteriza no final o amor como  um sentimento:

a)      Contraditório

b)      Sublime

c)      Indefinível

d)      Indesejável.

 

  1. Assinale a alternativa em que não há semelhança entre os versos de Camões e Vinícius

a)      É um contentamento descontente/ Que de uma vida mal-aventurada.

b)      3º verso de Camões e 3º verso de Vinícius

c)      O sujeito  dos 11 primeiros versos de Camões é o amor; assim como nos 5 primeiros versos de Vinícius

d)      É um cuidar que ganha em se perder/ E que só fica em paz se lhe resiste

 

Texto 3  -  I CORINTIOS 13  

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.

 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.

Agora, pois, permanece a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

 

Texto 4 - Monte Castelo - RUSSO, R. As quatro estações. 1989.

Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos,

 Sem amor eu nada seria

 

É só o amor,

 É só o amor

Que conhece o que é verdade

Não sente inveja ou se envaidece

 

 O amor é fogo que arde sem se ver,

 É ferida que dói e não se sente;

 É um contentamento descontente,

 É dor que desatina sem doer.  

 

Ainda que eu falasse a língua dos homens

 E falasse a língua dos anjos,

 Sem amor eu nada seria

 

 É um não querer mais que bem querer;

é um  solitário andar por entre a gente;
é não contentar se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder.

 

 É um estar-se preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

 É um ter com quem nos mata a lealdade;

 Tão contrário a si é o mesmo amor.

 

 Estou acordado e todos dormem

Todos dormem, todos dormem

. Agora vejo em parte

Mas então veremos face a face

 É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade.

 

 Ainda que eu falasse a língua dos homens

. E falasse a língua dos anjos,

 Sem amor eu nada seria.

 

  1. “Monte Castelo” é uma das músicas mais famosas da banda de rock brasileira Legião Urbana, cujo líder foi Renato Russo. Essa composição é uma colagem da carta de São Paulo aos Coríntios e de um famoso soneto de Luís de Camões. Com base no texto e nessas informações, pode-se observar:

 

a) que Renato Russo é obsoleto para sua época, uma vez que se baseou em um trecho bíblico e em um poeta do século XVI.

b) que Renato Russo desrespeita direitos autorais, “copiando” trechos das obras bíblica e camoniana.

c) que Renato Russo faz uso da intertextualidade, sintetizando a Bíblia e o soneto camoniano ao mesmo tempo, em uma canção.

d) que Renato Russo comete equívocos em relação à forma do texto, pois “mistura” um soneto e versículos bíblicos.

 

  1. A intertextualidade, no início da música se dá entre os versículos bíblicos e o soneto XI de Camões  da seguinte forma, exceto:

a)      Começa com o primeiro verso do soneto de Camões e continua misturando os versículos bíblicos, seguidos da segunda estrofe do soneto e novamente os versículos bíblicos.

b)      Começa com os versículos bíblicos nas duas primeiras estrofes da música, seguida de 4 versos da segunda estrofe do soneto XI

c)      A primeira estrofe da música reescreve em versos a primeira ideia do versículo bíblico.

d)      A segunda estrofe da música tem como sujeito o amor

 

  1. Indique a alternativa em que não há relação de correspondência de relação intertextual:

a)      6ª verso da música:” Que conhece o que é verdade” / versículos –“ mas se regozija com a verdade”

b)      7ª verso da música:” O amor é bom   / versículos – “é benigno”

c)       8ª verso da música:” Não sente inveja ou se envaidece” /  versículos – “   o amor não é invejoso..... não se ensoberbece  

d)      A 5ª estrofe da música é toda baseada nos versículos bíblicos.

 

  1. Assinale a alternativa em que não há uma correta identificação das figuras de linguagem na frase.

a)      “ O amor é fogo que arde sem se ver” – metáfora

b)      “È um contentamento descontente” – antítese ou oposição

c)      “seria como o metal que soa.” – metáfora

d)      “o amor é ferida que doi” – metáfora.

 

  1.  Assinale a alternativa em que não há uma correta relação de correspondência entre os textos e as afirmativas

a)      O soneto XI fala do amor carnal típico dos amantes

b)      Os versículos bíblicos falam do amor divino que é benigno

c)      Renato Russo ao fazer uma relação intertextual cria um novo conceito de amor

d)      O novo conceito de amor criado por Renato Russo a partir da relação intertextual é de que esse sentimento é vulgar.

 

  1. O título da Música Monte Castelo faz referência ao nome de uma região ao norte da Itália onde foi  travada a chamada batalha de Monte Castelo, no fim da 2ª Guerra Mundial.  Foi lá que soldados brasileiros e americanos combateram o exército alemão.  Contrapondo-se ao título a letra mistura o amor dos amantes e o amor divino ao próximo; deixando claro que esse sentimento é essencial para a vida o que não se passava em Monte Castelo. Na batalha esse sentimento de bem supremo de paz desaparece.  Diante disso, podemos dizer que Renato Russo compôs essa música em tom de:

a)      Alegria

b)      Ironia

c)      Prazer

d)      Diversão

 

Texto 5 - O contrário do Amor – Martha Medeiros – do livro:"Doidas e Santas"

 

          O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

          O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.
          Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

          Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

          Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.

13.  Assinale a alternativa cuja ideia não condiz com o texto:

a)       O contrário do amor é o ódio

b)      O contrário do amor é a indiferença.

c)      O ódio requer sentimentos

d)      Uma  criança experimenta sensações  extremas: ou é adorada ou criticada.

 

14.  O ódio provoca várias sensações e consequências, exceto:

a)      Rugas

b)      Cabelos brancos

c)      Ira

d)      Indiferença

 

15.  Assinale a alternativa cuja frase está empregada em sentido conotativo da língua

a)      O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

b)      A indiferença é um exílio no deserto.

c)      Para odiar alguém gastamos energia.

d)      Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe.

 

16.  Assinale a alternativa cuja frase está empregada em sentido denotativo da língua:

a)      Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio.

b)      Para odiar alguém precisamos de um raciocínio doente.

c)      A indiferença é um exílio no deserto.

d)      O contrário do amor é a indiferença.

 

17.  Segundo o texto a cor da indiferença seria:

a)      Branca

b)      Vermelha

c)      Do nada

d)      Amarela

 

18.  Segundo o texto a cor do ódio seria:

a)      Branca

b)      Vermelha

c)      Do nada

d)       Amarela

 

19.  Assinale a alternativa que indica a figura de linguagem presente na frase: “A  indiferença é um exílio no deserto.”

a)      Personificação

b)      Metáfora

c)      Comparação

d)      Hipérbole

 

20.  Qual a situação inicial que determinou o início da crônica

a)      A constatação de que as crianças ou são amadas ou rejeitadas

b)      Que as crianças não sabem que o contrário do amor não é o ódio

c)      Que a indiferença e o contrário do ódio
 
d)      Que a indiferença é a ausência total de sentimentos