domingo, 22 de fevereiro de 2015

Prática Pedagógica de Ensino

Contextualização da Educação

                                                                                                           Gilmar e Elaine Walker
Segundo Philippe Perrenoud, nossa sociedade planetária não vai muito bem.   Em todos os cantos encontramos miséria, desnutrição, desigualdades, dominações, exclusões, barbáries, guerras, tráfico de armas e drogas, comércio de mulheres e turismo sexual, poluição atmosférica, esgotamento dos recursos naturais.
Nada disso aconteceria se a escola fizesse o seu trabalho de educar as novas gerações de modo a torná-las responsáveis, dando-lhes sentido de comunidade e partilha, coibindo a violência.  É isso o que se ouve, mas a escola está na sociedade, é fruto dela e possui uma autonomia relativa o que não a torna em um santuário a margem do mundo, sem margens com o mundo. O sistema educacional não pode ser mais virtuoso do que a sociedade.
A formação de sujeitos cidadãos é um compromisso não só da escola, mas é na escola que existe um espaço para a discussão e fomentação de saberes e aprendizagens que evidenciem a reflexão das contradições de nossa sociedade; visando uma maior humanização dos sujeitos e a contraposição à lógica do capitalismo consumista e seus valores.
A escola abriga em seu seio forças favoráveis aos direitos, à justiça, aos princípios de liberdade, de igualdade, e de fraternidade.  É papel dos educadores trabalhar com o princípio da construção social do conhecimento; refletindo, de maneira dialógica, sobre os dois modelos de sociedade; tentando compreender as contradições e valores presentes em nossa sociedade.
Se pretendemos que a escola trabalhe para desenvolver a cidadania, se acreditamos que isso não é tão óbvio, nem tão simples, temos que pensar nas conseqüências.  Isso não se faz sem abrir mão de algumas prioridades e sem levar em conta o conjunto de alavancas disponíveis: os programas, a relação com o saber, as relações pedagógicas, a avaliação, a participação dos alunos, o papel das famílias na escola e o grau de organização da escola como uma comunidade democrática e solidária.
A fim de desenvolver a educação para a cidadania é preciso agir de modo a: permitir que cada um construa seus conhecimentos e competências necessárias para fazer frente à complexidade do mundo e da sociedade; utilizar os saberes para desenvolver a razão, o respeito à maneira de ser e à opinião do outro; consagrar tempo, meios, competências e inventividade didática em um trabalho mais intensivo e continuado sobre valores e os conhecimentos que toda democracia, todo contrato social pressupõe.
Isso tudo, e muito mais, faz parte do ofício do mestre, que não é imutável e exige, cada vez mais, que os educadores se atualizem para dar conta das novas mudanças, bem como, dos novos e heterogêneos efetivos escolares que estão se apresentando em sala de aula.
Já não há como insistir na lógica do ensino tradicional quando o professor magistralmente dava sua aula sem se importar com o processo de aprendizagem.  Atualmente a heterogeneidade cultural de nossos alunos é muito saliente o que não nos permite a utilização de tal didática de padronização de ensino, já que cada aluno vivencia a aula em função de seu humor e de sua capacidade de concentração e compreensão do mundo.
Considerando tudo isso, a escola atual para ser mais eficaz exige dos mestres a criação de situações de aprendizagem amplas, abertas, carregadas de sentido e que requerem um método de pesquisa e resolução dos problemas nos quais os educandos operem sobre o patrimônio cultural acumulado E, nesse sentido, as estratégias metodológicas requerem o agir do educando sobre os conhecimentos acumulados através ou não utilização dos recursos tecnológicos os quais podem contribuir significativamente na potencialização do processo de ensino e aprendizagem.  Práticas de cineclubes, caminhadas, viagens de estudos, saraus, exposições fotográficas, seminários e teatros que envolvam um ou mais componentes curriculares da área ou áreas são sempre bem vindas, principalmente se fizerem parte de um projeto pedagógico anteriormente planejado.
A pedagogia de projetos permite que o educando aprenda fazendo e reconheça a própria autoria naquilo que produz por meio de questões que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros, que emergem durante o desenvolvimento do projeto.
Essa prática pedagógica, ao trabalhar saberes que se vinculem aos saberes cotidiano e ao patrimônio cultural acumulado da humanidade, estimula aos educandos a entenderem melhor a vida humana em diferentes escalas: global, nacional, regional e local; além de atender o requisito legal proposto pela LDB no seu artigo 32, inciso I `a IV e os princípios da educação propostos pela UNESCO, que são: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver com os outros e aprender a ser, certamente contribui para a formação de cidadãos críticos e participativos que lutam para a construção de um mundo melhor.