sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Atividade de interpretação


É urgente recuperar o sentido de urgência

 

Nós, que podemos ser acessados por celular ou internet 24 horas, sete dias por semana, estamos vivendo no tempo de quem?

ELIANE BRUM

 

Dias atrás, Gabriel Prehn Britto, do blog “Gabriel quer viajar”, tuitou a seguinte frase: “Precisamos redefinir, com urgência, o significado de URGENTE”. (Caixa alta, na internet, é grito.) “Parece que as pessoas perderam a noção do sentido da palavra”, comentou, quando perguntei por que tinha postado esse protesto/desabafo no Twitter.

“Urgente não é mais urgente. Não tem mais significado nenhum.” Ele se referia tanto ao urgente usado para anunciar notícias nada urgentes nos sites e nas redes sociais, quanto ao urgente que invade nosso cotidiano, na forma de demanda tanto da vida pessoal quanto da profissional. Depois disso, Gabriel passou a postar uns “tuítes” provocativos, do tipo: “Urgente! Acordei” ou “Urgente: hoje é sexta-feira”.

A provocação é muito precisa. Se há algo que se perdeu nessa época em que a tecnologia tornou possível a todos alcançarem todos, a qualquer tempo, é o conceito de urgência. Vivemos ao mesmo tempo o privilégio e a maldição de experimentar uma transformação radical e muito, muito rápida em nosso ser/estar no mundo, com grande impacto na nossa relação com todos os outros. Como tudo o que é novo, é previsível que nos atrapalhemos. E nos lambuzemos um pouco, ou até bastante. Nessa nova configuração, parece necessário resgatarmos alguns conceitos, para que o nosso tempo não seja devorado por banalidades como se fosse matéria ordinária. E talvez o mais urgente desses conceitos seja mesmo o da urgência.

Estamos vivendo como se tudo fosse urgente. Urgente o suficiente para acessar alguém. E para exigir desse alguém uma resposta imediata. Como se o tempo do “outro” fosse, por direito, também o “meu” tempo. E até como se o corpo do outro fosse o meu corpo, já que posso invadi-lo, simbolicamente, a qualquer momento.

 Como se os limites entre os corpos tivessem ficado tão fluidos e indefinidos quanto a comunicação ampliada e potencializada pela tecnologia. Esse se apossar do tempo/corpo do outro pode ser compreendido como uma violência. Mas até certo ponto consensual, na medida em que este que é alcançado se abre/oferece para ser invadido. Torna-se, ao se colocar no modo on-line, um corpo/tempo à disposição. Mas exige o mesmo do outro – e retribui a possessão. Olho por olho, dente por dente. Tempo por tempo. [...]

A grande perda é que, ao se considerar tudo urgente, nada mais é urgente. Perde-se o sentido do que é prioritário em todas as dimensões do cotidiano. E viver é, de certo modo, um constante interrogar-se sobre o que é importante para cada um. Ou, dito de outro modo, uma constante interrogação sobre para quem e para o quê damos nosso tempo, já que tempo não é dinheiro, mas algo tremendamente mais valioso. Como disse o professor Antonio Candido, “o tempo é o tecido das nossas vidas”.

Essa oferta 24 x 7 do nosso corpo simbólico para todos os outros – e às vezes para qualquer um – pode ter um efeito bem devastador sobre a nossa existência. [...]  Será que não é este o nosso mal-estar? Viver no tempo do outro – de todos e de qualquer um – é uma tragédia contemporânea.

 


 

01. Para Eliane Brum, é urgente recuperar o sentido de urgência para que

(A) possamos viver no tempo de todos e de qualquer um.

(B) não percamos o sentido do que realmente é prioritário na vida.

(C) deixemos de nos questionar sobre a verdadeira urgência das coisas.

(D) possamos intensificar as demandas tanto da vida pessoal quanto da profissional.

 

02. Ao postar em seu blog as mensagens: “Urgente! Acordei” ou “Urgente: hoje é sexta-feira”, Gabriel Prehn Britto

(A) faz alusão à concepção de urgência defendida por Eliane Brum.

(B) denuncia a invasão na vida privada permitida pelo uso da tecnologia.

(C) trata com ironia a forma como se veiculam notícias nada urgentes em sites e redes sociais.

(D) censura a maldição de experimentarmos uma transformação radical em nossas relações com os outros.

03. Para a autora do texto, Eliane Brum, o mal-estar dos nossos dias reside na:

(A) crença de que tempo é dinheiro.

(B) falta de tempo para as dimensões prioritárias do cotidiano.

(C) dúvida relativa a “quem” e a “que” destinamos nosso tempo.

(D) possibilidade de se estar disponível a todos a qualquer hora.

 

04. O novo modo de vida on-line  não traz como consequência o fato de

(A) o tempo passar a ser o verdadeiro tecido de nossas vidas.

(B) hoje ser possível todos alcançarem a todos a qualquer tempo.

(C) banalidades devorarem o nosso tempo como se fossem matéria extraordinária.

(D) ter-se perdido o sentido do que é prioritário em todas as dimensões do cotidiano.

 

05. O fato que desencadeou a crônica de Eliane Brum foi:

(A) A Indignação da escritora quanto ao conceito de urgência

(B) O post indignado de Gabriel Prehn Britto sobre a necessidade de redefinir o conceito de urgência

(C) Uma notícia divulgada nas redes sociais

(D) A afirmativa do professor Antonio Candido de que “o tempo é o tecido das nossas vidas”.

 

06. Leia todas as afirmativas e componha a resposta correta assinalando a alternativa correta.

I. “E talvez o mais urgente desses conceitos seja mesmo o da urgência”.  O pronome pessoal do caso oblíquo “o”  refere-se a “conceito”.

II. “Nessa nova configuração, parece necessário resgatarmos alguns conceitos, para que o nosso tempo não seja devorado por banalidades como se fosse matéria ordinária.” - Com o enunciado “como se fosse matéria ordinária”, a autora refere-se a “tempo”.

III. “Esse protesto/desabafo” 1º parágrafo retoma e rotula o conteúdo postado por Gabriel Prehn Britto.

IV. “Nessa nova configuração, parece necessário resgatarmos alguns conceitos, para que o nosso tempo não seja devorado por banalidades como se fosse matéria ordinária.” – a expressão em destaque dá ideia de adversidade

 

Está correto o que se afirma em

(A) I, II e III.

(B) I, II e IV.

(C) II, III e IV.

(D) Todas as afirmativas

 

07. Analise os enunciados abaixo com base nas figuras de linguagem e componha a alternativa correta assinalando:

 I .“Urgente não é mais urgente”  -  É oposição/contradição.

II.  “O tempo é o tecido das nossas vidas” - metáfora

III. “Vivemos ao mesmo tempo o privilégio e a maldição”  - oposição/contradição

IV. “Parece necessário resgatarmos alguns conceitos, para que o nosso tempo não seja devorado por banalidades como se fosse matéria ordinária. – metáfora.

 

Está correto o que se afirma em

(A) I, II e IV.

(B) I, III E IV.

(C) I, II e III.

(D) II, III e IV.

 

8.  Leia todas as afirmativas e componha a resposta correta assinalando a alternativa correta.

I.  O verbo “tuitou” ( 1º parágrafo) é um neologismo (palavra nova - criação) criado com base no vocábulo Twitter.

II. Está incorreta a grafia do vocábulo “por que” em “quando perguntei por que tinha postado esse protesto/desabafo no Twitter”;  a autora deveria ter grafado “porque”.

III.  “Como tudo o que é novo, é previsível que nos atrapalhemos.” – Na frase a expressão em destaque funciona como um pronome demonstrativo por isso deve ser lido com “aquilo”

IV. “Parece necessário resgatarmos alguns conceitos, para que o nosso tempo não seja devorado por banalidades como se fosse matéria ordinária” – Na frase a expressão em destaque funciona como uma conjunção adverbial final, pois pode ser substituída por a fim de que

 Está correto o que se afirma em:

(A) I, II e IV.

(B) I, III e IV.

(C) I, II e III.

(D) II, III e IV.

 

9. Na frase: “Ele se referia tanto ao urgente usado para anunciar notícias nada urgentes nos sites e nas redes sociais.” O pronome pessoal ele refere-se a:

(A) Eliane Brum

(B) Gabriel Prehn Britto

(C) Tempo

(D) Bloger

 

10. Considere as afirmativas relativas a frase a seguir: “A provocação é muito precisa” e componha a resposta correta assinalando:

I. O sujeito da frase é:  A provocação.

II. O sujeito da frase é composto

III. O predicado é verbal

IV.  O predicado é nominal, pois é vem do verbo ser que é verbo de ligação.

 

Está correto o que se afirma em

(A) I, II e III.

(B) I, III e IV.

(C) I e IV.

(D) II, III e IV.

 

11. “Se há algo que se perdeu nessa época em que a tecnologia tornou possível a todos alcançarem todos, a qualquer tempo, é o conceito de urgência”.  A conjunção que introduz essa frase dá ideia de:

(A) Condição

(B) Finalidade

(C) Adversidade

(D) Concessão

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