Quais são
efetivamente os nossos valores de vida?
Em nossa sociedade
capitalista valorizamos coisas que não são essenciais e na busca do anseio de
felicidade, muitas vezes, incorporamos aos nossos desejos padrões de consumo
que não seriam necessariamente fundamentais e usamos esse mesmo preceito para a
nossa vida afetiva.
Assim, seguindo os padrões
apregoados pelos meios de comunicação social, nossas relações afetivas se
tornam muito volúveis e a mentalidade dominante é a de “ usar e descartar
quando não serve mais”. Logo o respeito
à pessoa só existe se ela é útil. E
esses conceitos são por nós facilmente incorporados aos padrões de
comportamento e cresce a tendência de descartar os idosos e não deixar nascer
os deficientes, desrespeitar os pobres ou os que de
alguma ou outra forma não se encaixam na lógica estética pregada pela mídia.
Nesse
contexto, na tentativa de lograr êxito, as pessoas buscam realizar-se por meios
do consumismo desenfreado, reduzindo suas aspirações à satisfação das
necessidades criadas pela sociedade. O
consumismo reduz o objetivo da vida ao poder aquisitivo. “ As pessoas valem mais pelo que elas têm do
que pelo que elas são”.
Totalmente
enquadradas nesse novo contexto, as pessoas nem percebem que dedicam toda a
vida ao acúmulo de bens materiais considerando suas relações afetivas
também como coisas a serem conquistadas
e, em nome da satisfação de necessidades momentâneas, abrem mão de projetos
pessoais mais duradouros e humanos.
Dessa forma, o amor é substituído ou reduzido a atitudes eróticas ou
sexuais, simplesmente.
Nesse
novo quadro de valores individualistas e utilitaristas em que cada pessoa tem a
sua dignidade reconhecida apenas em função da sua capacidade de produzir e
dominar, a vida perde o valor em si
mesma e assume o seu valor só em função da sua condição utilitária, gerando a
cultura da morte e da exclusão, já que a descartabilidade passa a se fazer presente na lógica das
relações. É tentando refletir sobre a
dignidade da vida desde o nascimento até a morte que a CNBB propõe como tema
para a Campanha da Fraternidade – (ou de) 2008:
“ Escolhe, pois, a vida”, buscando se contrapor aos modelos
reducionistas muito presentes na nossa época.
Elaine Walker
– Professora das Redes Municipal e Estadual de Ensino