quarta-feira, 21 de maio de 2014

Avaliação de interpretação 7 e 8º anos


Texto 1 Posto, logo existo – Martha Medeiros

Começam a pipocar alguns debates sobre as consequências de se passar tanto tempo conectado à internet. Já se fala em saturação social, inspirado pelo recente depoimento de um jornalista do The New York Times que afirmou que sua produtividade no trabalho estava caindo por causa do tempo consumido pelo Facebook, Twitter e agregados, e que hoje ele se vê diante da escolha entre cortar seus passeios de bicicleta ou alguns desses hábitos digitais que estão me comendo vivo.
Antropofagia virtual. O Brasil, pra variar, está atrasado (aqui, dois terços dos usuários ainda atualizam seus perfis semanalmente), pois no resto do mundo já começa a ser articulado um movimento de desaceleração dessa tara por conexão: hotéis europeus prometem quartos sem wi-fi como garantia de férias tranquilas, empresas americanas desenvolvem programas de software que restringem o acesso à web e na Ásia crescem os centros de recuperação de viciados em internet. Tudo isso por uma simples razão: existir é uma coisa, viver é outra.
Penso, logo existo. Descartes teria que reavaliar esse seu cogito, ergo sum, pois as pessoas trocaram o verbo pensar por postar. Posto, logo existo.
Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso em que poderiam estar vivendo, ou seja, namorando, indo à praia, trabalhando, viajando, lendo, estudando, cercadas não por milhares de seguidores, mas por umas poucas dezenas de amigos. Isso não pode ter se tornado tão obsoleto.
Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento – numa boa. Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o real pelo virtual, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra. Adolescentes deixam de ir a um parque para ficarem trancafiados em seus quartos, numa solidão disfarçada de socialização.
Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época, sua turma de amigos se comunica assim, e nem batendo com um gato morto na cabeça delas para fazê-las entender que a vida está lá fora. Lá fora!!
O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado, mas tem sido agudo entre muitos jovens sem noção, que se deixam fotografar portanto armas, fazendo sexo, mostrando o resultado de suas pichações, num exibicionismo triste, pobre, desvirtuado. São garotos e garotas que não se sentem com a existência comprovada, e para isso se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém medíocre.
Casos avulsos, extremos, mas estão aí, ao nosso redor. Gente que não percebe a diferença entre existir e viver. Não entendem que é preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha para 17.870 que não estão nem aí.
Texto divulgado em ZERO HORA, em 08 de abril de 2012

1.Assinale a alternativa que indica a temática da crônica:
(A) O tempo que destinamos aos relacionamentos reais
(B) As consequências de ficar muito tempo conectado na internet.
(C)  Ao fato de ter o pensar como  condição de existir.
(D)  O grau de envolvimento na internet dos jovens tem sido  extremamente responsável.

2. Assinale a alternativa que indica o fato que desencadeou a crônica:
(A) um jornalista ter afirmado que sua produtividade caiu em função da conexão à internet
(B) de o Brasil estar atrasado na atualização dos perfis
(C) É preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha.
(D) As filhas da escritora viverem conectadas.

3. Na argumentação: “Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento – numa boa.” A autora tem como finalidade:
(A) justificar ponto de vista anteriormente sustentado.
(B) introduzir argumento orientado para a conclusão do texto.
(C) fazer concessão a ponto de vista contrário àquele que defende.
(D) refutar(contrapor-se a) ponto de vista defendido por outrem.

4. Todas as alternativas indicam argumentos apresentados pela autora, exceto:
(A) Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso
(B) Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época.
(C ) São garotos e garotas que se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém  medíocre
(D)É preferível existir de mentirinha,  do que viver discretamente.

5.  Assinale a alternativa em que há um testemunho pessoal, vivido pela própria autora:
(A) Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso
(B) Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época.
(c ) São garotos e garotas que se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém medíocre
(D) É preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha

 6. “ Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o real pelo virtual, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra.”  Assinale a alternativa que indica uma conjunção que substitua a sublinhada sem alterar o sentido da frase.

(A) Logo
(B)   Portanto
(C)   E
(D)  Porém


7 . Assinale a alternativa que indica o referente da expressão em destaque da frase posterior: “O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado”

(A) Das crianças em geral
(B)  Das filhas da autora
(C)  Dos estudantes
(D) Das jovens em geral


8. Para Descartes a condição de existir era:

(A) Postar
(B)  Pensar
(C)  Consumir
(D) Parece


9. Todas as alternativas indicam atividades não muito comuns hoje em dia, exceto  os :

(A) Relacionamentos  com uma dezena de amigos
(B) Passeios de bicicleta
(C) Hábitos digitais
(D) passeios ao parque para se distrair


10. Pela estrutura estamos diante de um texto híbrido que trata um assunto cotidiano, mais precisamente diante de:

(A) um artigo de opinião
(B) um texto narrativo
(C) uma crônica argumentativa
(D)  uma reportagem


11. Assinale a alternativa que indica o correto referente da expressão em destaque da frase a seguir: “Isso não pode ter se tornado tão obsoleto(antiquado, antigo, ultrapassado)´.

(A) aos hábitos digitais
(B) Existir para os outros

(C) referencia a estar vivendo, namorando, indo à praia, trabalhando, viajando, lendo, estudando, cercadas  por umas poucas dezenas de amigos.
(D) Muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação

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