sábado, 21 de março de 2015

A LENDA DA ESTRELA AZUL
Sonia Santoro


Dizem que no céu a noite era tão escura,
Que nada mesmo se podia ver.
Em gesto de amor e bondade pura,
Resolveu o criador luz no céu acender.

Mandou que se fizesse grande manto,
Onde bordadeiras habilidosas
Bordariam, com muita graça e encanto,
Estrelas que seriam luminosas.

As estrelas teriam seu papel:
Elas deveriam sempre brilhar,
Para, juntas, iluminar o céu,
E, assim, todas as noites clarear.

Seu brilho, cada qual conquistaria,
Com o amor que pudesse irradiar;
Mas bem apagadinha ficaria,
Se não conseguisse aprender a amar.

Cada estrela teria sua cor,
E elas numa só cor se fundiriam.
Iluminadas pelo mesmo amor,
Do amor divino a luz refletiriam.

Chegam logo as mais hábeis bordadeiras,
E prestativas se põem a bordar.
Já se podia ver, pelas primeiras,
Que estrelas lindas iriam brilhar.

Não mais no céu tantas noites escuras,
Pois, com muito brilho, aquelas estrelas,
Acenderiam luzes nas alturas,
Trazendo o divino amor a envolvê-las.

Acontece, porém, que o que se conta,
É que o tão esperado brilho não veio.
A última estrela estava quase pronta;
O céu, no entanto, ainda escuro e feio.

A lenda conta que a estrela amarela,
Tentou, mas a sua luz não acendeu,
Pois de todas julgando-se a mais bela,
Ao orgulho e a vaidade logo cedeu.

Da mesma forma, por ser orgulhosa,
E por em si mesma apenas pensar,
Não conseguiu acender, a estrela rosa,
A sua luz, para no céu brilhar.

E a estrela cinza, na noite perdida,
Entregando-se à vícios e paixões,
Não valorizou a dádiva da vida,
Desequilibrou as suas emoções.

O céu, portanto, fadado estaria,
A uma triste completa escuridão.
Mas eis que já se entrevia a alegria:
Uma luz se acendeu na imensidão!

E dizem que bem na direção sul,
Em meio a toda aquela escuridão,
Com brilho intenso, pôde a estrela azul,
Acender a luz do seu coração.

Justamente aquela última estrelinha,
Em quem ficara faltando uma ponta,
Porque havia acabado toda a linha,
Quando ela já estava ficando pronta...

Mas mesmo lhe faltando uma das pontas,
O seu brilho era de tal forma intenso,
Que deixava as outras estrelas tontas,
E iluminava todo o firmamento.

Isso foi porque ela aprendera a amar,
Apesar dessa sua imperfeição.
Entendeu que devia aliar,
Para sempre, o sentimento à razão.

E tão verdadeiro era seu amor,
Que ela, a estrela azul, muito comovida,
Resolveu que de cada grande dor,
Uma lição tiraria de vida.

Ensinaria às estrelas sofridas,
Que não haviam conseguido brilhar,
Que toda a oportunidade perdida,
Pode-se, certamente, resgatar.

E dizem que às outras ela ensinou,
As virtudes, com ternura e bondade.
Cada estrela, finalmente, encontrou,
O caminho da felicidade.

Não mais orgulho, egoísmo, vaidade,
Já que elas todas queriam brilhar.
A paz, a harmonia, a luz, a verdade:
Esta, a divina meta a se alcançar!

E é por isso que hoje podemos ver
Luminosas noites de céu estrelado.
As estrelas conseguiram aprender,
A amar, e seu brilho foi conquistado.

De tudo aquilo que nos conta a lenda,
Isto devemos sempre lembrar:
Se quisermos que nossa luz se acenda,
O mais importante é aprender a amar!



 1.      Pela estrutura estamos diante de que tipo de texto.  Identifique nele aspectos estruturais como rima, como se dá, versos, quantos verso  e  quantas estrofes?

2.      “Onde bordadeiras habilidosas
Bordariam, com graça e encanto,
Estrelas que seriam luminosas”
Nos versos anteriores  classifique a função morfológica da palavra habilidosas

3.      “Onde bordadeiras habilidosas
Bordariam, com graça e encanto,
Estrelas que seriam luminosas”
Nos versos anteriores as expressões com graça e encanto estão entre vírgulas. Poderiam continuar a frase e não teria influência na leitura ou precisamos dessas expressões para entender a frase.

4.      Considerando o raciocínio feito na questão anterior dizemos que as expressões com graça e encanto estão entre vírgulas porque são:
a)      Aposto                 b) vocativo

5.       Seu brilho, cada qual conquistaria,
Com o amor que pudesse irradiar;
Mas bem apagadinha ficaria,
Se não conseguisse aprender a amar.
Qual a condição para que as estrelas conseguissem o seu brilho?  Qual é a conjunção que introduz essa ideia?

6.      “Se não conseguisse aprender a amar.”  Indique o tempo e modo em que está empregado o verbo conseguir no verso anterior:

a)      Presente do indicativo
b)      Presente do Subjuntivo
c)      Pretérito imperfeito do indicativo
d)     Pretérito imperfeito do Subjuntivo


7.       Cada estrela teria sua cor,
E elas numa só cor se fundiriam.
.”  Indique o tempo e modo em que está empregado os verbos em destaque nos versos anteriores:

a)      Presente do indicativo
b)      Presente do Subjuntivo
c)      Futuro do presente do indicativo
d)     Futuro do pretérito do indicativo


8.      “Trazendo o divino amor a envolvê-las.”  No verso anterior o pronome pessoal do caso oblíquo se refere a quem?

a) alturas
b) noites
c) estrelas
d) escuras


9.      Qual a conjunção que dá ideia de contrariedade e que introduz a ideia de que a luz no céu não apareceu?
..................................................................................

10.  Em qual estrofes aparecem as justificativas para o brilho não ter aparecido?  
11.  Por que a estrela amarela não conseguiu brilhar?  Como isso pode acontecer no nosso dia a dia?
12.  Por que a estrela rosa não conseguiu brilhar?  Que atitudes indicam isso no nosso dia a dia?
13.  O que seriam os vícios e as paixões aos quais a estrela cinza se entregou?
14.  A estrela azul tinha um defeito físico, mas isso a impediu de aprender a amar? Onde está a verdadeira beleza da vida?  Que atitudes devemos ter no dia a dia para evoluir?
15.  Quem são as estrelas do texto?  Em que linguagem está o texto?

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