terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Dor de um pai – Zero Hora – 08 de setembro de 2006
Domingo, dia 3 de setembro, fui acordado por um telefonema avisando que minha filha, Ana Clara, havia sofrido um acidente de automóvel. Quem me ligou chorando muito foi a Camila, uma grande amiga dela. Imediatamente liguei para o celular de Ana Clara e atendeu um oficial do Corpo de Bombeiros, que confirmou o fato. Desesperado, corri até o local pensando o quanto minha filha poderia estar ferida, para que hospital talvez já tivesse sido levada, rezando para que não fosse grave. Mas, ao chegar ao local, me deparei com um cenário de horror! Parecia uma praça de guerra. O carro preto estava irreconhecível, semicalcinado e havia deixado um rastro de pedaços até sua total parada em uma árvore, que foi mortal. A violência da colisão não deixava dúvidas do excesso de velocidade, da imprudência, certamente da bebida.
Quatro corpos estavam prostrados no chão e um deles, infelizmente, era o de minha filha. Uma dor avassaladora, lancinante, me tomou por inteiro. Um pedaço de mim foi arrancado do meu peito, para sempre, ao ver minha filha inerte sob um plástico preto. Quem eu embalei com imensa alegria e amor na sala de parto, em sua chegada, agora estava sem vida em meus braços, na sua partida. Nada pode ser maior do que a dor de ver um filho morto, pois foge à ordem natural da vida.
Ana Clara morreu de traumatismo craniano, mas seu corpo e seu rosto estavam preservados. Quando eu estava no local do acidente, sentado ao seu lado, segurando sua mão e acariciando seu rosto, ela parecia apenas estar dormindo, feliz por viver intensamente a juventude de seus 17 anos.
Na capela do cemitério, foi uma provação inimaginável ver minha eterna princesa no caixão. Sua curta vida foi um relâmpago passageiro; e me entristeciam mais ainda a dor e o sofrimento da minha família. Meu filho mais velho perdeu uma irmã companheira de minhas pequenas filhas gêmeas, ainda sem compreender a morte, perderam o referencial da irmã mais velha. Quanto a nós, pais, foram-se os sonhos de ver crescer os filhos de nossa filha. Agora, nossa doce Ana Clara, que foi cremada, virou cinzas lançadas ao mar. Para quem viveu intensamente como ela, nada como a imensidão do mar com última morada.
Quem nos conhece, sabe o quão carinhosos, presentes e dedicados somos com nossos quatro filhos. Mas por mais que se cuide, oriente e proteja. Eles são como água na mãos em forma de conchas. Uma hora escorrem por entre os dedos...
Quando meu filho mais velho fez 18 anos, me apressei para que ele providenciasse tirar habilitação, pois preferia vê-lo no banco do motorista, e não na carona. Isso porque sempre alertei para os perigos da direção e não me cansava de recortar dos jornais notícias sobre acidentes de automóveis com jovens. E, mais importante, do que alertar, nós, como pais, dávamos o exemplo de condução prudente. Nossos planos para Ana Clara eram os mesmos, tanto que sempre buscávamos na saída das suas programações noturnas ou nos revezávamos com outros pais. Ansiávamos por vê-la no banco do motorista, mas o destino chegou antes.
Infelizmente, essa tragédia, que matou cinco amigos e que tanto comoveu a cidade, virou mais um dado estatístico, no qual os jovens não acreditam, o que faz com que esses acidentes se repitam numa frequência macabra . Os jovens que perdem a vida desta forma abrupta e trágica não têm esse direito. Não é justo o que fazem a si e a seus pais.
Eu e minha família estamos sensibilizados com a quantidade enorme de manifestações de pesar, solidariedade, cartões, flores enviadas a nós e através de nossos parentes, inclusive por pessoas que não conhecemos. È reconfortante estarmos no meio dessa corrente que emana tanto carinho pela enorme falta que nossa amada Ana Clara nos faz. Agradecemos de coração.
Ana Clara, Manoela, Joana, Ivan e Felipe são as manchetes da hora, como tantos outros foram; e, infelizmente, outros jovens serão, enquanto não houver consciência de serem prudentes e responsáveis na direção.
Gabriel Padilha.

1. O texto acima: a dor de um pai é um depoimento que se enquadra no gênero:
a) artigo b)reportagem c) crônica d) carta narrativa

2. Qual a temática do texto?
a ) a dor b)a morte c)O sofrimento e as perdas em função dos acidentes automobilísticos
d) O álcool e a direção

O carro preto estava irreconhecível Todas as palavras a seguir são sinônimas de irreconhecível, exceto:
a) que não se pode conhecer b) fácil de conhecer c) que não se pode identificar

Qual a finalidade de publicar um depoimento desses?
a) saudar comportamentos infantis b) conscientizar dos riscos que os adolescentes correm
c) aumentar o público leitor d) refletir sobre o problema do álcool

Qual o suporte em que foi publicado o texto?
a) jornal da Manhã b) jornal Zero Hora
c) jornal Hora H d) Correio do Povo

“Domingo, dia 3 de setembro, fui acordado por um telefonema avisando que minha filha, Ana Clara, havia sofrido um acidente de automóvel.” Pela estrutura apresentada, podemos dizer que o texto está escrito em:
a) 1ª pessoa do discurso b) 2ª pessoa do discurso c) 3ª pessoa do discurso

7. Retire do texto as palavras desconhecidas e faça novas frases empregando-as corretamente

Ana Clara, Manoela, Joana, Ivan e Felipe são as manchetes da hora, como tantos outros foram; e, infelizmente, outros jovens serão, enquanto não houver consciência de serem prudentes e responsáveis na direção. Qual o termo implícito nos verbos destacados?
Os verbos destacados na questão 7 pertencem a que conjugação verbal?
Ana Clara morreu de traumatismo craniano, mas seu corpo e seu rosto estavam preservados. Quando eu estava no local do acidente, sentado ao seu lado, segurando sua mão e acariciando seu rosto, ela parecia apenas estar dormindo.
a) qual a conjugação do verbo morreu?
b) As expressões mas e quando indicam, respectivamente:
c) Qual o termo referido por ela?

10. A carta serve de exemplo de imprudência no trânsito, mas não solucionará o problema. Indique a parte do texto em que isso fica evidente.


Produção textual Gabriel Padilha.
Coloque-se no lugar da Ana Clara e imagine que lá do céu ela tenha psicografado uma carta dirigida aos pais no qual ela pede desculpas por não ter seguido as orientações recebida dos pais.
Coloque-se no lugar de Ana Clara e faça um monólogo sobre os seus instantes finais de vida.
Imagine que antes de sair na carona, Camila e Ana Clara tenham discutido sobre os riscos de pegar carona, já que o motorista tinha consumido um pouco de álcool.
Imagine os sentimentos da mãe quando avisada do acidente da filha pelo pai e faça um monólogo.
Faça a manchete da notícia do acidente comentado pelo texto 2
Faça um folder de conscientização sobre o dirigir com segurança.

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